A Assembleia-Geral das Nações Unidas, através da resolução 60/7 de 1 de novembro de 2005, criou o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, que se comemora anualmente a 27 de janeiro. Nesse mesmo ano, o Parlamento Europeu estabeleceu também o dia 27 de janeiro como o dia Europeu de Memória do Holocausto.
Existe uma razão histórica para a escolha desta data. Com efeito, a 27 de janeiro de 1945 as tropas soviéticas libertaram o campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, na Polónia. Neste gigantesco complexo ao serviço da morte estima-se que terão sido assassinadas 1,3 milhões de pessoas oriundas de toda a Europa ocupada pelas forças do III Reich, das quais 1,1 milhões seriam de origem judia.
76 anos volvidos após o final da 2.ª Guerra Mundial, ainda se constata que muita gente não só ignora a natureza e a dimensão do trágico acontecimento que foi o Holocausto, ou Shoah, como desconhece o contexto ideológico que lhe serviu de suporte, os seus mentores, os seus sequazes e, o mais chocante, os seus milhões de vítimas.
Neste sentido, associamo-nos a todos aqueles que, nas Nações Unidas e em todo o mundo, rendem homenagem às vítimas do Holocausto para que, acima de tudo e, nas palavras de Ester Mucznik (vice-presidente da comunidade israelita em Lisboa), possam, de alguma forma, «educar contra Auschwitz».
Não podemos também deixar de recordar o grande herói que o Holocausto teve entre nós, principalmente um que arriscou a sua própria vida e carreira profissional e que, desobedecendo às ordens diretas de Salazar, desafiou a sua autoridade para salvar a vida de milhares de judeus. Falamos do cônsul de Portugal em Bordéus Aristides de Sousa Mendes, homem que, certamente, continuará a inspirar a nossa atuação e a recordar-nos que “aquele que não recorda a História sujeita-se a vivê-la outra vez”.
Professor, João Rovira.